Sobre a saudade de você

Faz tempo que a gente se conhece, e com você compartilhei momentos hilários, tristes, depressivos, entusiásticos, especiais, mágicos e necessários na minha vida.
Na grande maioria das vezes nem eu, nem você precisava dizer nada, a compreensão surgia apenas pela troca de olhares e pelas mãos dadas. Eu não precisava dizer o que eu sentia e só de ouvir sua voz no telefone eu sabia seu estado de espírito.
Você me ensinou a amar coisas que eu julgava não ser capaz e reascendeu sentimentos incríveis (que eu julgava mortos), sonhos (que eu havia esquecido) e me fez lembrar de como é bom ter bom humor e saber rir das próprias bobagens que falo. Nós já passamos horas e horas conversando sobre tudo, ou nada, e foi bom, muito bom saber que havia no mundo alguém como eu.
Você esteve presente em muito sonhos, e apesar de não estar nos meus planos sempre tive a nítida impressão que você estaria lá. Me fez entender que as vezes palavras bobas soltas ao vento machucam corações que não julgamos sensíveis, e me fez cair na real de que essas mesmas palavras podem ser tão afiadas como navalhas.
Muitas vezes você me fez chorar de alegria, ficar com um sorriso bobo no rosto, gostar de fazer cafuné no seu cabelo e carinho na sua mão. E me fez te amar como um irmão, não como meus irmãos que eu amo também, pois com você é e sempre será diferente.
Com você aprendi que as relações de amizade que julgamos sinceras nem sempre o são mas às vezes precisamos de alguém que esteja vendo do lado “de fora”, para nos abrir os olhos e esse era você. Perdi as contas de quantas vezes me fez sentir dor na barriga de tanto rir quando exercitava seu bom humor, e me fez redescobrir um talento que eu nem lembrava que tinha, aliás se essas palavras fluem hoje com tanta facilidade, você foi o grande responsável por isso com seu apoio e carinho.
Hoje de manhã olhando as nuvens brancas, contrastando com o céu azul intenso de inverno, melancolicamente me lembrei de você, do seu riso, dos olhos brilhando, do sorriso bonito estampado no seu rosto quando você deixa a vergonha de lado. E ao chegar no trabalho lá estava você me olhando afetuosamente do porta retratos que fica atrás da minha orquídea branca. E lembrei dolorosamente que faz tempo que a gente não se vê, que nossas mãos não se tocam, que não recebo seu abraço confortável, que não ouço sua voz dizendo ao telefone como sou tonta e chata. E eu sei que tem de ser assim, que as coisas um dia mudariam, e que elas mudaram. Não sinto revolta pelo rumo que as coisas tomaram, pois isso foi só a decisão da Vida sobre nossas vidas. Mas hoje, mais do que nunca não consigo sufocar no peito essa imensa saudade que estou sentindo de você.


Saudade dos dedos entrelaçados assim….

Dica da autora: Texto para ser lido ao som de Painted on my Heart – The Couch

No dia em que eu for embora.

Ano passado recebi de uma amiga minha um texto tocante falando sobre o momento da morte. Na hora eu nem quis ler, pois a gente nunca quer pensar que um dia nós, ou as pessoas que amamos teremos de dizer até logo. Porém, a única verdade irrefutável da existência humana é que fatalmente um dia esse momento chegará para todos nós.
Inspirada por uma discussão que surgiu no fórum do site Garotas que Dizem Ni, resolvi colocar minhas impressões sobre esse assunto. Diferente do que possa ter parecido ali em cima eu não tenho medo da morte, e até a encaro com certa naturalidade. Talvez pelas minhas próprias convicções, talvez pela filosofia ideologia que sigo eu não acredito que a morte do corpo físico seja o fim da existência. Pareceria realmente mais lógico que quando uma pessoa morresse o corpo dela deixaria de existir e tudo o que ela viveu e sentiu viraria “poeira” ao vento, mas não consigo pensar desse jeito. Sinto de uma forma muito clara que essa não é minha primeira vida e nem será a última. Senão como explicar certos conhecimentos e atitudes que tenho que não foram aprendidos? Ou como explicar a tamanha afinidade que me aproxima de pessoas que entram na minha vida há poucos anos e a total falta de afeto que tenho por muitos parentes? Pensando de forma coerente e realística isso não seria possível, seria?
Creio sim que a alma é eterna e retorna à existência humana quantas vezes forem necessárias que ela se aprimore. Não creio necessariamente no conceito de karma – que significa que a reencarnação só é necessária para que possamos resgatar nossos erros e faltas adquirida em outras vidas – seja valido para todas as pessoas, pois há pessoas que trabalham com tanto afinco para o bem estar das outras pessoas que não é possível que estejam “pagando” por algo.
Mas, voltando ao texto que minha amiga me enviou: lá dizia algo sobre as coisas que o autor do texto gostaria que as pessoas pensassem sobre ele. E de certa forma eu gostei disso. Então você amigo e amiga dessa humilde garota leia com atenção o que eu tenho para lhe dizer.
No dia em que eu for embora eu não quero que você pense que o mundo é injusto, que a vida é cruel, e que leva embora as pessoas certas nos momentos errados. No dia em que eu for embora certamente será porque eu já cumpri e aprendi aquilo que me foi designado, e chegou o momento de descansar de novo.
Não se revolte independente, dos motivos que me levarem a abandonar vocês, pois eu creio que cada um dez nós tem um jeito de ir embora, e seja ele qual for não adianta se revoltar por isso.
Se você sentir vontade chore o quanto for preciso, pois a saudade é algo intrínseco á natureza humana e não podemos nos privar de nossos sentimentos, mas que o choro não dure mais que algumas horas. No máximo dias. Porque onde eu estiver eu vou sentir sua tristeza e não quero ser motivo de tristeza para ninguém.
O que eu quero sinceramente é que você se lembre dos bons momentos que eu pude te proporcionar, das risadas, dos momentos de reflexão ou de puro besteirol que passamos juntos. Quero que lembre daquela conversa até de madrugada, da festa em que eu fiquei tão bêbada que você teve que me ajudar a tomar banho gelado, das afinidades que descobrimos dias pós dia. Lembre das músicas que cantamos juntos, das leituras que recomendamos um ao outro, do dia em que te fiz chorar de raiva e depois liguei arrependida até a medula para pedir: Oi, eu sou uma boba. Me desculpa?
E sabe por que não quero que a tristeza se instale no seu coração e as lágrimas teimem em cair dos seus olhos? Porque toda nossa amizade, todo o carinho que existiu, todo o respeito não estará sendo enterrado junto com meu corpo. Todas essas impressões serão levadas junto à minha alma e um dia quando a gente se encontrar de novo em um novo lugar, com outro rosto e outros nomes a gente vai saber intuitivamente que tudo o que a gente viveu junto está lá, que a amizade, o respeito e o carinho não morrem. E que pessoas que se amam de coração tem o direito divino de se encontrarem novamente e novamente. Claro que tudo isso é baseado no que eu acredito, mas quero que você também faça força para acreditar que seja onde for eu estarei lá olhando por você.
Aviso: Queridos e queridas, como eu também sou uma apaixonada por fotos, resolvi colocar aí ao lado, uma lista de Fotologs que eu costumo visitar. Se você tem um, me passa o link que eu coloco aqui.

Noite de inverno.

Contos

Era apenas mais uma noite fria de sexta – feira, mas o ar gelado parecia impregnado nas paredes e ela sentia-se extremamente melancólica. Chegou do trabalho e sentou no sofá; desde então duas horas haviam passado sem que tivesse ânimo para mais nada. Estava exausta de fazer comida para apenas um lugar na mesa e da solidão do apartamento.
– Preciso me animar – pensou. Levantou e foi em direção ao banheiro. Ligou o chuveiro e enquanto a fumaça de vapor subia, ela lentamente se livrava das roupas, num ritual quase mágico. Ao sentir o calor da água relaxando todos os músculos do seu corpo, sentiu-se melhor, porém a solidão ainda estava ali incrustada em suas veias. Terminou o banho foi para o quarto enrolada na toalha, o cabelo úmido moldando o rosto bonito.
Pedir comida de novo? Hum, acho que não. Estou enjoada de fast – food.
O vento frio que entrava pela janela fez ela lembrar de outras noites em que ele não a incomodava, pois o calor reinava no seu quarto, mas isso era passado e ela precisava esquecer. Observou a silhueta no espelho: não parecia mais a mesma, o olhos perderam o brilho e a pele estava mais pálida do que nunca.
Decidiu-se: Abriu o guarda roupa e tirou de dentro uma sala longa, uma blusa decotada, seu sobretudo, a bota de cano alto. Voltou ao banheiro e secou os cabelos, aplicou um leve batom nos lábios para disfarçar a palidez, vestiu-se pegou as chaves do carro e começou a guiar pela noite sem rumo certo. Passando por uma longa avenida do bairro vizinho, notou a agitação das boates e bares. Não, não era isso que ela queria. Passara da idade de envolver-se com garotos bobos e imaturos. Continuou guiando até lembra-se de um delicioso restaurante que ficava na rua de trás. Estacionou o carro na rua mesmo e adentrou.
– Mesa para quantos?
– Apenas para uma pessoa, grata.
O recepcionista ajudou-a a livra-se do sobretudo deixando à mostra o colo bonito, que emolduravam os seios bem feitos que se destacavam por baixo da blusa. Deixou-se conduzir para uma mesa ao fundo do restaurante, aonde haviam lindos arranjos florais e uma fonte Italiana.
Fez seu pedido e enquanto aguardava pensativa, sorvendo calmamente seu vinho, notou que era observada. Voltando à atenção para o mundo real, deparou-se com um grande par de olhos castanhos fitando-a. Ruborizou. Fazia tempo que não sentia-se assim, já que desde o fim de seu último relacionamento sentia que o brilho e o charme haviam fugido do seu corpo. O dono dos olhos castanhos não parava de olhar. Ele era alto, um rosto sério porém jovial, cabelos negros combinando perfeitamente com as sobrancelhas delineadas, barba semi cerrada. As mãos grandes seguravam uma taça de vinho também. Vestia um terno muito elegante e estava só.
– Deve ter saído do trabalho agora, quase como eu. Deve estar esperando pela companheira.
Seu prato chegou, e decidiu esquecer o homem mas os olhos não paravam de olhar. Ela levantou o rosto e lá estava ele, sorrindo agora. Tinha um sorriso perfeito e covinhas nas bochechas. Sentiu um calor agradável invadir o corpo
– Efeito do vinho, só pode – murmurou para si mesma.
Enquanto preparava-se para ir embora, o garçom entregou-lhe uma rosa vermelha com um cartão:
– Cortesia do senhor daquela mesa, senhora.
Ela sentiu o rosto queimar, acenou com a cabeça em sinal de agradecimento ao garçom e abriu o bilhete.
” Como pode uma rosa tão linda estar só numa noite como essa? Aceita minha companhia?”
– Que safado! Como pode ser assim tão cara – de – pau? Levantou voluntariosa, dirigiu-se à recepção do restaurante e quando ia saindo sentiu uma mão vigorosa segurar-lhe delicadamente o pulso.
– Por que tanta pressa moça bonita? Não está acostumada a receber elogios?
– Não de estranhos!
– Mas isso é apenas uma questão de minutos, deixe-me saber o seu nome, direi o meu, podemos sair para beber um pouco mais de vinho, pois notei que você gosta tanto quanto eu e nos conheceremos. Que tal?
Quis reagir mas não teve forças, os olhos dele pareciam hipnotizá-la e ela se deixou conduzir.
– Meu carro está estacionado logo ali – balbuciou meio em torpe.
– Então faremos assim, eu vou guiando na frente e você vem seguindo.
Não podia acreditar na loucura que estava cometendo, mas estava adorando. O coração disparado dentro do peito fazia ela respirar forte. Chegaram a um bar agradavelmente decorado, e sem muita badalação. Apenas alguns casais enamorados aqui e ali. Sentaram-se numa mesa ao canto e ele pediu um vinho.
– Ótima escolha
– Para tão linda companhia, não podia ser diferente
Beberam alegremente, sentia o corpo amolecer e ela sentia que tinha perdido o costume. Não soube como nem porque mas quando se deu conta estava beijando e abraçando aquele homem, a boca doce deixando-a zonza, as mãos fortes fazendo seu corpo voltar à vida. Lembrou-se vagamente de ter guiado o carro até o apartamento dele, dos corpos cheios de vontade atracando-se dentro do elevador, da pressa em abrir a porta, livrar-se das roupas, do movimento frenéticos dos corpos durante a madrugada, dos suspiros, beijos, palavras balbuciadas entre gemidos, do orgasmo intenso que tomou conta do seu corpo e do sono tranqüilo, como a muito não tinha.
Acordou em meio a lençóis perfumados, e sentiu o calor do toque daquelas mãos fortes em sua cintura, os olhos cerrados num sono profundo.
Levantou, vestiu a roupa, apanhou a bolsa e antes de sair do apartamento deixou um cartão com seu telefone sobre a mesinha da sala. Quem sabe não poderiam repetir aqueles momentos no futuro. Fechou a porta atrás de sí, e descobriu maravilhada que ainda estava viva.

Platonicismo mode ON

E para não fugir do clima sentimental que envolveu esse blog durante essa semana, aproveitando o dia dos namorados que passou, e do dia de Santo Antônio (puxa, esqueci de fazer simpatia), resolvi puxar mais algumas lembranças cheirando à naftalina do baú da memória (não o da felicidade), aproveitando o momento platônico que estou vivendo para contar um pouco das minhas paixões platônicas ao longo da vida. Alguns nomes serão trocados apenas para manter a integridade dos moçoilos, pois com alguns deles ainda tenho contato.

Marco Antônio – Eu devia ter uns… três anos. Não lembro dele, mas minha mãe conta que fiquei perdidamente apaixonada, e falava do garoto dia e noite. Ah! Que precoce.

Severino – Ele era loirinho, tinha lindos olhos azuis, e estudava comigo no pré – dois. Mas eu era muito tímida (e não tinha idade, convenhamos) para me declarar. Ai acabou o pré e nunca mais o vi. (suspiros)

Daniel – Eu comecei a estudar com ele na 3ª série, ele tinha lindos olhos castanhos, cabelos pretos e morava na metade do caminho da minha casa até a escola. Em suma fui platonicamente apaixonada por ele até a 7ª série, e motivo de chacota pela classe toda durante os últimos anos. Mas foi bom gostar dele, e até hoje guardo com imenso carinho o rostinho dele, apesar de ele ter se tornado um homem bem diferente daquela carinha de anjo.

Pedro – Essa foi uma paixão platônica intermediária na história do Daniel, ele era lorinho de lindos olhos verdes (sempre tive uma queda por olhos claros), mas no dia que ele descobriu que eu gostava dele, me deu o fora. Ó céus, ó vida, ó azar.

Victor – Era amigo do Daniel, e foi uma paixão platônica relâmpago, no finzinho da 8ª série. Eu descobri que ele um dia tinha gostado de mim (segundo as palavras do próprio), mas eu nunca soube. Quando ele descobriu que eu gostava dele, ele já não gostava mais de mim.

Paulo – Já no colegial, vi aquele garoto moreno, dono de cabelos negros, lisos e compridos, de grandes olhos cor- de – mel e pinta de surfista. Ele era o supra – sumo do colégio, adorado por hordas de meninas. Ele era muito legal, simpático, atencioso aí já viu né? Me vi apaixonada por ele, mas nunca tive coragem de me declarar (ah, essa minha timidez), mas claro que minhas colegas de classe fizeram o favor de contar para ele, a questão é que eu não queria beijá-lo. Pasmem, eu curtia ficar pensando nele sem ter nenhum contato. Mas a paixão por ele não durou muito…

Wagner – Ele era alto, branquinho, olhos azuis (ai, ai), irmão mais velho de uma colega de classe e ia buscá-la todos os dias. Um dia quando ele chegou e ela ainda não tinha descido, ficamos conversando e descobri que tínhamos muitas coisas em comum inclusive a paixão pelo skate, pelo rock (naquela época ainda não era metaleira) e amava Cavaleiros do Zodíaco. Pra que né? Cai de amores por ele, mas não durou nada porque descobri logo depois que ele namorava, e apesar dos esforços da minha colega para que ele me namorasse, não deu certo, pois duas semanas depois conheci meu ex – noivo, o Jefferson.

Maurício – Eu o conheci quando tinha dezessete anos, trabalhava no laboratório, e ele era Office boy de uma empresa associada. Loirinho, surfista/ skatista, muito simpático, amante de reggae e rock. Viramos amigos do peito. Poucos meses depois terminei o noivado, e ele demonstrou tanto carinho e amizade que em pouco tempo a boba estava apaixonada. O que atrapalhava é que ele era noivo de uma linda loirinha. Minha amiga. Mas por sorte depois de pouco tempo conheci o Fabiano, meu grande amor com quem fiquei durante quatro maravilhosos anos.

O Mau foi minha última grande paixão platônica e hoje é um dos meus melhores amigos, quase um irmão, tamanha a afinidade que temos. E hoje vim aqui para dizer que depois de tantos anos, tentando me recuperar de um recente amor mal curado descobri que estou apaixonada platonicamente por um moço que eu admiro demais. Mas…. será que minha timidez vai deixar eu me declarar? Um dia quem sabe…


Como é bom sonhar com momentos assim……

*Dica da autora: texto para ser lido ao som de “Se Enamora” da Turma do Balão Mágico ;)

Ah! O Amor……

Texto especial do dia dos namorados

[Olimpo, muitos e muitos anos antes de cristo]
Era mais um dia tranqüilo no Olimpo, morada dos Deuses Gregos, quando se ouve a voz de flauta doce de Afrodite cortar os céus:
– Maldição! Como pode?! Abusada!! Descarada!
Nesse momento chega voando seu filho Eros (entre os mais íntimos: Cupido):
– E aê mãe?! Que escândalo é esse?! Que é que tá pegando?
– Ah, meu filho que bom que você chegou. Minino, você não sabe da última! Sabe os humanos aqueles ingratos? Então! Deixaram de me cultuar diariamente como mandam os Oráculos! Agora passam os dias adorando uma reles mortal que atende pelo nome de Psiquê. Vê se eu posso com essas coisas?!
– Ih manhê! Relax! Você é uma Deusa com tudo em cima ainda. Nem parece que tem mais de oito séculos de vida. Tem carinha de dois só.
– Ah, lindinho da mamãe! Você fala isso só para me agradar. Mas, lembrei de uma coisa. Sua flechas tem o poder de fazer com que os tolos mortais se apaixonem uns pelos outros. Então, para fazer a sua mãezinha ainda mais feliz você vai voar até a Terra durante a noite e irá fazer com que essa “inha” se apaixone pela criatura mais desprezível do mundo.
-“Xá” comigo mãe.
E lá foi Eros carregando suas flechas encantadas cumprir os caprichos de sua mãe. Quando finalmente chegou ao palácio da princesa Psiquê (sim ela era filha de reis na Grécia), a encontrou dormindo, porém quando preparou-se para acertar-lhe uma flecha deslumbrou-se! Jamais tinha presenciado maior beleza entre deusas ou mortais. Num momento de distração acaba se arranhando com uma de suas próprias flechas e é contaminado pelo vírus do Amor.
– “Arriégua – pensou – E agora que eu faço?!
Mas, além de ser um verdadeiro deus grego – no sentido da beleza – Eros também era muito esperto, e chamou Zéfiro, deus dos ventos.
– E aê Zef me´irmão?! Tudo firmeza?!
– Tudo em cima! Que é que tu manda “fio”?
– Seguinte “véi” tô numa enrascada das grandes. Me apaixonei por uma garota mas minha mãe não pode descobrir senão me deserda, “sabecumê” matar ela não pode já que somos irmortais…. mas então: preciso tirar ela do mundo dos homens e levá-la para o castelo que ergui com o poder do meu amor. Você podia “quebrar” essa para mim “mano”?
-Opa “mano”! Amigos são “pra” isso.
Então Zéfiro com uma leve brisa carregou docemente o corpo de Psiquê para um perfumado campo de flores no mundo dos deuses. Quando despertou a jovem viu a sua frente um magnifico castelo e ouviu uma voz encantadora lhe convidando para entrar. Ela encontrou tudo para seu gosto delicado: as mais saborosas comidas, um banho maravilhoso, um quarto de dormir muito perfumado e uma voz ao longe lhe advertiu.
– Princesa Psiquê. Foste trazida aqui pela força do amor do seu futuro esposo que logo virá visitar-lhe. Mas tenho de fazer-te um alerta: Jamais poderá ver a face do teu amado.
Psiquê, claro, tremeu como vara verde, mas à noite em seu quarto, Eros chegou encoberto pelas sombras e tomou a jovem com tamanha doçura nos braços que ela esqueceu todo o medo e entregou-se aos carinhos e palavras ardentes de seus esposo, mesmo sem saber-lhe o nome ou o rosto.
Os dias iam passando e Psiquê era muito feliz, mas remoía saudades das irmãs que deixara no mundo dos homens. Eros, que tinha um coração bom, vendo sua tristeza permitiu que elas a visitassem um dia, mas a advertiu: vendo às irmãs reataria os laços terrenos que constituíam a base de todo sofrimento. E fê-la prometer novamente que jamais tentaria ver seu rosto em hipótese nenhuma. E foi com grande alegria que Psiquê recebeu as irmãs que, curiosas sobre a nova vida da irmã, enchiam-na de perguntas:
– Ai Psi! Seu castelo é um luxo!! Mas me fala, cadê o seu maridão?!
– Errr, aceita mais um chá de flores?
– Ai, para de bobagem, conta para a gente como ele é?! Deve ser um gato!´Nota-se pelo bom gosto que decorou o castelo e….
– Vou ali na cozinha preparar mais um pouco de cozido de bisão, alguém aceita?
Sentindo que a irmã dava apenas respostas evasivas sobre o marido a inveja brotou no maldoso coração das irmãs.
– Psiquê! Para de enrolar a gente. Aposto que seu marido é um feioso. Um monstrengo, e deve até te maltratar!
– Não falem assim dele!
Nisso Psiquê contou tudo. Que jamais vira o rosto do esposo, que ele a tinha proibido, etc. etc. Vendo que tinham plantado a desconfiança no coração da inocente Psiquê aconselharam que ela, durante a noite, tentasse ver o rosto do esposo com uma lâmpada e levasse uma faca afiada. Se ele fosse realmente um monstro deveria matá-lo. Então a noite fez exatamente o que as irmãs mandaram, porém quando levantou a lâmpada para ver melhor o rosto do esposo, que já dormia, deparou-se com o mais belo jovem que jamais tinha presenciado. Nisso distraiu-se e uma gota de óleo quente caiu no peito de Eros despertando-o. Percebendo o que tinha acontecido e muito magoado, fugiu de volta ao Olímpo, nisso o castelo que tinha construído desapareceu e Psiquê de repente viu-se só no escuro, num campo vazio no mundo dos homens. Vagou muitos dias e muitas noites com frio e fome em busca do amor perdido. Afrodite sabendo do acontecido teve outro “siricutico”:
– Ah, isso que dá você desobedecer sua mãe! Aí ó. Agora tá com esse machucado enorme no peito e ainda foi traído por aquela sirigaita! Achei que tinha mandado você dar um jeito nela! Mas não! Filho é tudo igual! A gente faz de tudo para criar, dá uma boa educação, carinho, estudo para quê? Para aprontar isso! Mas aquela lambisgóia me paga!
Afrodite então, traz Psiquê a sua presença e impõe a ela quatro tarefas (vejam bem quatro não doze) para que possa ver seu amado de novo. As tarefas iam desde separar grãos miúdos de diversas espécies até ir até o próprio inferno buscar uma encomenda com Perséfone, esposa de Hades. E Psiquê em nome do amor cumpriu todas as tarefas mas no fim da última resolveu abrir a caixa onde supostamente estava a chave da beleza eterna, pois tinha medo de ter se tornado feia depois de tantas provas. Dentro da caixa não tinha nada, mas um grande sono a acometeu.
Eros que despertara na mansão celestial da mãe, depois de curar-se do ferimento resolveu voar até sua amada, e depois de muitos dias encontrou-a dormindo ao relento. Depois de acordá-la com a ponta de uma de suas flechas e guardar de volta o sono que pesadamente segurava seus olhos, de forma muito meiga resolveu chamar-lhe a atenção para sua curiosidade
– E “aê pincesa” do meu coração, sua curiosidade só te trouxe sofrimento até agora. Mas agora vamos esquecer disso e falar de amor?
Então depois de fazer com que Psiquê entregasse a caixa à Afrodite sem contar-lhe do acontecido, Eros levou Psiquê ao Olímpo e pediu a Zeus que os unissem em casamento. Para isso era necessário que ela se tornasse imortal Zeus então presenteou Psiquê com um cálice de Ambrosia e os uniu em matrimônio.
E foi assim que Eros (o Amor) e Psiquê (a Alma) foram felizes para sempre. Ah, e da união dos dois nasceu uma linda deusa chamada Volúpia.
– Vamos Psiquê! Para o alto e avante……Er…..quer dizer. Vamo alí no Olímpo “Pincesa” vou ter dar meu amor imortal
– Ai, ai Eros! Você é tão romântico! Um verdadeiro Deus Grego
Queridos e queridas do coração da Rê. Esse será o primeiro, em muitos anos, que não tenho meu “Eros” para presentear no dia dos namorados, então resolvi presentear a vocês com esse texto que envolve uma das minhas maiores paixões, a mitologia grega, com diálogos sabor Fanta-Uva de uma pretensa escritora muito louca (eu).
Dedico esse texto a todos vocês que já encontraram sua alma gêmea. Cuidem muito bem de seu amor viu?! E dedico principalmente às amigas e aos amigos que ainda não encontraram. A estória de Eros e Psiquê só serve para mostrar que quando o Amor é verdadeiro, vale a pena lutar por ele, e que se não deu certo, é porque você ainda não achou sua metade.
Desejo a todos um Dia dos Namorados com gosto de beijo apaixonado!

Cansei….

Cansei de servir de modelo de comparação na minha família para meus irmãos primos e primas. Cansei de apontarem o dedo na minha direção e estufarem o peito para dizer:
– Ali! A Renata sim luta pelo que quer e é uma vencedora. Vocês deviam ser como ela.
Me irrita não poder mais ser eu mesma, de poder ser passível de erros, falível. Não consigo fazer nada sem ter em meus ombros o peso da responsabilidade, e a uma voz dizendo aos ouvidos: Você não pode, falhar, você não pode falhar. Estou farta de ser a melhor filha, a melhor sobrinha. Farta de me decepcionar comigo mesma quando não consigo atingir uma meta sabendo que não fui a única a falhar e que levei por terra as esperanças de todos da minha família que esperam algo a mais de mim.
Cansei de servir de modelo de comparação na minha vida acadêmica. Desde que me lembre eu sempre tive as notas mais altas, sempre fui a mais inteligente, sempre fui a mais CDF, logo sempre fui a mais zoada da escola a que recebia os apelidos mais ridículos, e que me fizeram ser uma garota muito tímida durante muito tempo. Nem me transformando numa “skatistazinha revoltada” (como repetiu minha mãe durante muito tempo) eu não mudei isso. No colegial, no técnico e na faculdade sempre as melhores notas. O modelo de inteligência. Até agora na minha segunda faculdade é a mesma coisa. Sempre repetem: nossa você é muito inteligente, duvido que venha com alguma nota baixa esse semestre, que não passe de ano. Sempre isso. Sempre a mesma cobrança. E quando por alguma eventualidade não alcanço as notas mínimas vejo um ar de descrença e decepção no olhar dos meus colegas, pois eles também não me consideram uma pessoa passível de erros.
Cansei de servir de modelo de comparação na minha vida profissional. Sempre ouço meus chefes e superiores dizendo que sou a mais preparada, a mais qualificada e fazem questão de apontar isso para outras pessoas que ocupem o mesmo cargo que eu e posso notar em seus olhares a desaprovação e quando eventualmente falho noto a expressão de decepção dos meus superiores.
Cansei de ser a garota legal, esperta, inteligente, charmosa que desperta a amizade de todos e no fim das contas está sempre com o coração vazio. Sei que você que está aí lendo, me conhecendo muito ou pouco pode até estar balançando a cabeça negativamente, pois eu tenho consciência de que muita gente por aí daria um fígado ou um olho para poder ser assim. Mas todo grande poder traz consigo uma imensa responsabilidade, e essa responsabilidade está me doendo demais.Acho que preciso de um tempo longe do mundo, das pessoas, um tempo comigo mesma para descobrir quem sou eu.. É verdade cheguei à conclusão de que eu não sei mais que eu sou. E de que talvez eu nunca soube de verdade….

Por que eu me sinto tão sozinha?